Elsa Lìma

Herança emocional

A herança emocional é um conceito que trata de como nossos genes podem influenciar os traços e comportamentos emocionais que apresentamos ao longo da vida. Ou seja, nossas respostas emocionais e até a maneira como lidamos com sentimentos como ansiedade e depressão podem ser, em parte, influenciadas pela genética.

Como a genética influencia nossas emoções?

Pesquisas mostram que algumas características emocionais, como o neuroticismo (a tendência a sentir emoções negativas), a ansiedade e a depressão, têm um componente genético forte (Eley, T., & Plomin, R. (1997). Estudos com gêmeos, por exemplo, indicam que a empatia emocional (capacidade de sentir as emoções de outras pessoas) é altamente hereditária, com cerca de 48% de influência genética. Isso significa que quase metade dessa característica pode ser explicada pelos nossos genes, enquanto a empatia cognitiva (a capacidade de entender as emoções dos outros) é um pouco menos hereditária, em torno de 26% (Abramson, L., Uzefovsky, F., Toccaceli, V., & Knafo-Noam, A. (2020).

Genes específicos e o controle das emoções

Certos genes estão diretamente relacionados ao modo como processamos e regulamos nossas emoções. Por exemplo, o gene transportador de serotonina, neurotransmissor da felicidade, está fortemente ligado a traços emocionais como a ansiedade e a depressão. Outros genes, como COMT, SLC6A4 e NPY, também desempenham papéis importantes em como processamos e regulamos nossas emoções. Esses genes influenciam regiões do cérebro, como a amígdala, que está relacionada à maneira como reagimos emocionalmente a situações do dia a dia (Hariri, A., & Holmes, A. (2006).

Traços emocionais e múltiplos genes

É importante entender que não é apenas um gene que determina como nos sentimos ou reagimos emocionalmente. Na verdade, a maioria dos traços emocionais são poligênicos, o que significa que muitos genes diferentes contribuem para a formação de um traço específico. Isso torna as emoções ainda mais complexas, pois vários fatores genéticos agem em conjunto, influenciando, por exemplo, nossa tendência a relembrar momentos emocionais ou como percebemos as emoções ao nosso redor (Todd, R., Palombo, D., Levine, B., & Anderson, A. (2011).

Hereditariedade e o papel do ambiente

Embora os genes desempenhem um papel importante nas nossas emoções, eles não são a única influência. Fatores ambientais, como nossas experiências de vida, também afetam a forma como lidamos com as emoções. A empatia cognitiva, por exemplo, é mais afetada por fatores externos, como o ambiente social em que crescemos. Além disso, há o que chamamos de “interação gene-ambiente,” onde as influências do ambiente podem modificar os efeitos das predisposições genéticas. Ou seja, mesmo que uma pessoa tenha uma tendência genética a ser ansiosa, suas experiências de vida podem intensificar ou amenizar essa tendência (Gabbay, F. (1992).


A meditação e a hipnose são ferramentas poderosas para reprogramar heranças emocionais, pois atuam diretamente no nível subconsciente, onde muitos desses padrões estão enraizados. Através da meditação, é possível desenvolver maior consciência emocional e aprender a gerenciar respostas automáticas herdadas, promovendo calma e equilíbrio. Já a hipnose permite acessar estados profundos da mente, facilitando a reprogramação de crenças e comportamentos ligados à herança emocional, como ansiedade e traumas, possibilitando a criação de novos padrões mentais mais saudáveis e positivos.

Genética e transtornos emocionais

Os cientistas descobriram que variações genéticas podem aumentar o risco de transtornos emocionais e neuropsiquiátricos, como depressão e ansiedade. Isso ocorre porque essas variações afetam a forma como regulamos e processamos nossas emoções. Além disso, estudos sobre síndromes genéticas como a Síndrome de Turner e a Síndrome de Klinefelter ajudam a mostrar como anomalias genéticas específicas podem impactar o modo como uma pessoa lida com as emoções e o estresse.

Conclusão

A herança emocional nos mostra que nossos genes têm um papel importante na maneira como sentimos e expressamos nossas emoções. Embora fatores ambientais também sejam essenciais para moldar nossas emoções, compreender a genética por trás de nossos sentimentos pode nos ajudar a entender melhor por que algumas pessoas são mais propensas à ansiedade, à depressão ou à empatia. Ao explorar essa relação entre genética e emoções, podemos abrir portas para tratamentos mais eficazes para transtornos emocionais, além de aprofundar nosso conhecimento sobre as complexidades da mente humana.

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